27/05/2018

As investigações ufológicas oficiais na América do Sul - Parte 1

No segundo dia do Congresso, o principal painel foi sobre as iniciativas oficiais do Uruguai, Chile, Argentina, Peru e Brasil. Elas são consideradas oficiais pois tem, ou tiveram, a cooperação das forças estatais, como Polícia, Bombeiros, Controladores de Vôo e Militares. Qualquer relato recebido por essas instituições é encaminhado para o órgão de investigação do país. Os investigadores também tem acesso aos relatórios delas e tem um canal aberto para pedir informações de radar ou de tráfego aéreo, por exemplo. O grau de cooperação varia de país para país.

Em sentido horário: CEFAA (Chile), CRIDOVNI (Uruguai), CIOANI (Brasil) e CEFORA (Argentina).


O primeiro a falar nesse painel foi o Coronel Ariel Sánchez Rios, vice-presidente do CRIDOVNI (Comision Receptora e Investigadora de Denuncias sobre Objetos Voladores no Identificados) e correspondente internacional da Revista UFO. Ele iniciou a apresentação marcando sua posição de que "OVNI não significa extraterrestre". Na TV e nos jornais, o sensacionalismo toma conta e quando qualquer objeto estranho é filmado ou fotografado, lá vem as referências aos "ETs". Repetindo o óbvio, Sánchez disse que "não identificado quer dizer 'não identificado', ou seja, não é possível afirmar que é extraterrestre". Mais pra frente, Rodrigo Fuenzalida do Chile também frisou esse ponto.

Ele também chamou a atenção para um documento da NASA, "Arqueologia, Antropologia e Comunicação Interestelar" (2014), que fala da possiblidade de que houve contato com outros seres no nosso passado. Como exemplo, Sánchez mostrou diversas imagens, desde pinturas rupestres até telas pintadas na Idade Média que mostram seres diferentes e até naves. Para ele, as imagens que registramos hoje com nossas câmeras, celulares e filmadoras são a continuação desses registros. Outro exemplos que ele deu foram as fotos tiradas por um astronauta a bordo da missão STS-88 da NASA, de um objeto que ficou conhecido como "satélite Black Knight (Cavaleiro Negro)" e o vídeo recentemente desclassificado do Pentágono do objeto visto próximo ao porta-aviões USS Nimitz em 2004.

Um dos slides da apresentação com pinturas da Idade Média.
O "satélite" Black Knight. Fonte: NASA.

 
 O vídeo do incidente do USS Nimitz.

Depois, ele voltou para o Uruguai, que teve ondas de avistamentos nos anos 50, 60 e 70. Houve muitos casos, denúncias, relatos e fotos. Durante os anos 60, havia associações civis que se reuniam com pesquisadores da Argentina e eventualmente buscavam informações com a Força Aérea. Finalmente, em 1979, foi fundado o CRIDOVNI, pouco depois de uma reunião da ONU que recomendou que cada país fundasse um órgão de investigação. A organização começou com 40 pessoas, mas mais pra frente ficaram só 6. Em 2001, uma organização irmã, o CRIFAT, não-governamental, foi fundada.

O CRIDOVNI tem um departamento operativo, um técnico e um de arquivo e estatística, além da direção. O objetivo é investigar os casos de forma científica, sem medo. A metodologia é coletar testemunhos e evidências e juntar com os dados de passagem de satélites e manobras militares aéreas, fenômenos astronômicos e outras coisas mais mundanas, como uma discoteca terrestre que esteja usando um laser ou um holofote. Além disso a testemunha passa por uma avaliação psicológica. O departamento operativo é responsável por ir a campo onde há alguma ocorrência, o técnico pela análise e o arquivo e estatística por compilar dados.

Entre 1979 e 2017 foram analisados 1450 casos. Desses, 43 casos (3%) foram classificados como não-convencionais. A existência do CRIDOVNI permitiu que houvesse grande força humana para invesigar 24h por dia, todos os dias do ano, e juntar num lugar só todos os eventos. Em seguida ele apresentou alguns desses casos. Num deles um objeto foi rastreado no radar viajando a Mach 10 e fazendo curvas de quase 90 graus sem reduzir a velocidade. Em outro, o objeto deixou marcas no solo e alterou a composição da terra. Os casos extraordinários são raros, mas existem. Há um preconceito contra a pesquisa ufológica que pressupõe que todos os casos são explicáveis. Porém alguns casos, investigados a fundo, seguem sem explicação. Esse é o caso não só com o CRIDOVNI, mas com outras investigações oficiais como o Projeto Blue Book (Livro Azul) dos EUA.

A conclusão do Coronel, após décadas de envolvimento com o fenômeno, é de que existe "uma tecnologia aeronáutica muito superior a nossa, que assombra nossos países, não só aqui como no estrangeiro. Podem ser humanos ou extraterrestres, mas evidentemente há uma tecnologia superior". Além disso, ele fez um apelo para que os ufólogos latinoamericanos parem de dar tanta importância para a ufologia estadunidense, e passem a confiar nas próprias investigações e conclusões.

Na segunda parte, serão descritas as outras investigações oficiais.

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