Desde que escrevi a coluna publicada hoje, houve um grupo que assumiu a responsabilidade do ataque terrorista em Ancara, que atingiu um ônibus de militares turcos. O grupo se chama Kurdistan Freedom Falcons (Falcões da Liberdade do Curdistão). É claro, as manchetes dizem que "um grupo curdo" atacou o ônibus de militares. De fato, o grupo é curdo. Porém, é um grupo que foi rejeitado pelo PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão), após ter começado uma campanha de ataques terroristas.
Ou seja, aqui temos um grupo que não faz parte da aliança do YPG. É um grupo desgarrado, mas que serve perfeitamente aos propósitos do governo turco - e, por extensão, da aliança anti-Assad. É possível culpar "os curdos" pelos ataques, e perpetuar a linha de que os curdos querem guerra com a Turquia, justificando assim uma ofensiva turca.
Diversas guerras começaram com mentiras. A resolução do Golfo de Tonkin, que deu a legitimidade e o impulso para o início da Guerra do Vietnã, foi baseada em um ataque que não aconteceu. A assassinato de bebês iraquianos numa maternidade, por soldados de Saddam Hussein, que comoveu a opinião pública dos EUA, foi uma farsa de uma empresa de marketing. Em setembro de 2013, em resposta a um suposto ataque químico do governo sírio em 21 de agosto daquele ano, o legislativo estadunidense quase aprovou uma "Autorização de Uso de Força Militar" que levaria os EUA a uma guerra direta contra a Síria. O governo dos EUA nunca apresentou provas de que o ataque foi feito por forças sírias. Anos depois, ainda não temos provas e há indicações que o ataque foi feito pelos rebeldes, não pelo governo.
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