Trump ou Clinton,
que diferença isso faz?
As eleições dos
EUA estão tomando uma forma cada vez mais definida conforme as
primárias avançam. Os eleitores Republicanos estão mandando uma
mensagem muito clara: querem Donald Trump como seu candidato. Os
líderes do partido, no entanto, estão com medo dessa possibilidade.
Do lado Democrata, há uma divisão entre Hillary Clinton e Bernie
Sanders. Clinton comanda um aparato político e de propaganda
formidável, que não teve escrúpulos para atacar Sanders e se blindar. Sanders tem um considerável apelo popular – inclusive
entre os militares, segundo uma pesquisa que saiu no jornal MilitaryTimes – mas deve perder a nomeação.
O medo do aparato
político Republicano do candidato Trump se deve a vários fatores. O
central, porém, é que ele não pode ser controlado da mesma forma
que outros candidatos poderiam ser, já que não é um político de
carreira. Ted Cruz e Marco Rubio andam nos corredores do Congresso há
anos e recebem dinheiro de diversos lobbys. Portanto, estão
firmemente atrelados aos interesses de certos grupos. É só ver como
Cruz e Rubio aproveitam toda oportunidade para louvar a aliança
EUA-Israel, enquanto Trump diz que quer se desvencilhar de todo o
conflito no Oriente Médio.
Hillary Clinton, por
sua vez, votou a favor da guerra ao Iraque, comemorou a morte de Kaddafi, que deixou a Líbia no completo caos, e apoiou o programa para armar rebeldes na Síria, que gerou uma guerra catastrófica,
abriu caminho para o Estado Islâmico e botou lenha na fogueira de
uma enorme crise de imigração. Sanders, por sua vez, tem uma
posição mais pacifista, mas como disse, não deve disputar a
presidência.
Mas no final das
contas, é praticamente tudo jogo de cena. Quem toma a cadeira do
Presidente na Casa Branca, faz alguma diferença? Um dos maiores
exemplos talvez seja o ocupante atual, Barack Obama. Alçado à Casa
Branca numa onda popular baseada na “Esperança”, na “Mudança”
e no “Sim, nós podemos”, ganhou o prêmio Nobel da Paz antes
mesmo de completar um ano na presidência. Hoje, ele é o presidente
que autorizou mais ataques por drones, manteve aberta a prisão criminosa de Guantánamo e não fez nada em relação a espionagem emmassa da National Security Agency, a NSA. Assinou a maior venda de
equipamento militar da história, no valor de US$ 60 bilhões –para a Arábia Saudita, que agora utiliza o equipamento para
bombardear a pobre nação do Iêmen. Ainda por cima, é o presidente
que mais perseguiu cidadãos estadunidenses pelo crime de
“espionagem”. Entre aspas, já que nenhum dos acusados foi preso
por fornecer informações secretas para outro país. Em geral, o
crime desses cidadãos foi ir a público com informações de que um
ou outro programa da CIA, da NSA, do FBI, etc., estava indo muito
além do que a lei permitia…
GOVERNO SECRETO
Em 1964, um livro
seminal sobre a CIA foi escrito por David Wise e Thomas B. Ross. O
título era “O Governo Invisível”, e falava sobre as inúmeras
guerras secretas da CIA durante a Guerra Fria. Em 1993, Peter Dale
Scott escreveu o livro “Deep Politics and the Death of JFK”
(Política Profunda e a Morte de JFK, sem tradução para o
português), demonstrando como há muita gente que sequer sabemos o
nome, mas que influenciam profundamente os acontecimentos políticos.
Em 2015, um jornalista da Harper’s Magazine, Scott Horton, escreveu
“Lords of Secrecy: The National Security Elite and America’sStealth Warfare” (Lordes do Sigilo: A Elite da Segurança Nacional
e a Guerra Furtiva da América, também sem tradução para o
português). Indo a fundo na questão, resgata a história da própria
Atenas – onde o debate franco e aberto sobre a guerra era essencial
– e contrasta com os EUA moderno. Segundo o autor, hoje em dia, as
decisões sobre guerra e paz nos EUA são tomadas entre quatro
paredes, em segredo, por seletos membros de uma elite nacional.
Enfim, governo
invisível, profundo ou sigiloso, não importa o nome.
Independentemente de quem for eleito o representante do povo, eu
aposto que “a máquina da guerra seguirá girando”.
Link para o original: http://horadopovo.com.br/2016/03Mar/3424-18-03-2016/P7/pag7f.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário