Olá, leitor.
Segue a minha última coluna, publicada nesta edição do jornal Hora do Povo.
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Nesta coluna, procuro dar um ponto de vista diferente sobre acontecimentos recentes ao redor do mundo que dizem respeito a expansão do império estadunidense. Mas hoje vou dar um passo para trás, e vou falar sobre um pouco da história que me ajuda a compreender o andar dessa carruagem imperial, e que talvez ajude o leitor também.
Segue a minha última coluna, publicada nesta edição do jornal Hora do Povo.
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Cúpula das Sombras
Nesta coluna, procuro dar um ponto de vista diferente sobre acontecimentos recentes ao redor do mundo que dizem respeito a expansão do império estadunidense. Mas hoje vou dar um passo para trás, e vou falar sobre um pouco da história que me ajuda a compreender o andar dessa carruagem imperial, e que talvez ajude o leitor também.
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No meu blog, escrevi
dois artigos sobre a CIA (um e dois).
No primeiro artigo, falei sobre o National Security Council
(Conselho de Segurança
Nacional), que reúne a alta cúpula do Poder Executivo dos EUA:
Presidente, Vice-Presidente, Secretário de Defesa, Secretário de
Estado e outros convidados. As
reuniões do NSC são parte importantíssima de todas as presidências
a partir de 1947, quando a entidade foi criada.
Por exemplo, foi durante uma reunião do NSC em 11 de dezembro de 1962 que John F. Kennedy discutiu um documento secreto doDepartamento de Estado que descrevia “colaborar com elementos
brasileiros hostis a Goulart visando sua derrubada” como uma das
alternativas para os EUA frente a situação política do Brasil na
época. Foi numa reunião do NSC em 30
de janeiro de 2001 que Bush, Cheney, Rumsfeld e companhia começaram a discutir a
possibilidade de travar uma guerra contra o Iraque, uma intenção
que o resto do mundo só tomou conhecimento dali a vários meses,
quando os EUA responderam aos ataques de 11 de setembro. É também
ao NSC que é enviada a nata da inteligência coletada pelos espiões
humanos e eletrônicos espalhados pelo mundo.
Negação plausível
No
segundo, falei sobre plausible deniability
(“negação plausível”). Esse conceito diz respeito a estrutura
de uma operação clandestina. Basicamente, é o modo pelo qual os
membros do NSC são capazes de dizer que “não sabiam de nada”
quando alguma operação dessas dá errado e é tornada pública.
Funciona assim: acompanhado
da operação em si, é elaborada uma história que os agentes (ou
seus superiores) devem
repetir caso sejam pegos. O objetivo de tais histórias, além de
proteger os agentes, é proteger a cadeia de comando que ordenou tal
operação. Por exemplo, em
maio de 1960, quando o avião-espião U-2, em missão da CIA, foi
abatido em território soviético, a história oficial imediatamente
transmitida era de que o voo
era da NASA e tinha objetivos “científicos”. O então
Primeiro-ministro soviético
Nikita Khrushchev usou essa história “plausível” contra os EUA,
esperando vários dias para revelar que o avião estava tripulado por
um espião, que foi capturado. Isso causou enorme vergonha para a
administração Eisenhower. Mais de uma semana depois do incidente, o
então Presidente Dwight Eisenhower admitiu que sabia do verdadeiro
propósito do voo.
Névoa da ignorância
Essa
alta cúpula da Casa Branca, portanto, age de maneira muito
sofisticada e furtiva para atingir seus objetivos. E um dos pilares
de seu modo de agir é a ignorância do público em relação ao seu
funcionamento. Eles literalmente “se safam” de qualquer tipo de
exposição pública – ou punição – mesmo quando vão contra
diversas leis e convenções. A guerra do Iraque, por exemplo, nos
foi vendida como uma “resposta” ao ataque de 11 de setembro de
2001. Porém, quando o conteúdo das primeiras reuniões do NSC sob
Bush foi revelado, ficou claro que os ataques foram apenas uma
“desculpa”, e que a guerra ao Iraque estava sendo planejada muito
antes deles. Será que se o público soubesse disso, a guerra teria o
apoio que teve?
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