Passamos da marca de 3.000 visualizações!
Vou dar continuidade ao quebra-cabeças do imperialismo estadunidense. Este post não está bem acabado; mas é difícil introduzir um assunto tão vasto...
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Hoje vou falar do lado propriamente militar do aparato de segurança nacional dos EUA. Como disse no artigo sobre a CIA, o National Security Act de 1947 reorganizou também os ramos do então Departamento de Guerra. Eles se reuniram sob o National Military Establishment, que se tornou o Departamento de Defesa atual. Além disso, foi criado o Joint Chiefs of Staff, uma unidade que reúne apenas os líderes dos ramos militares. O atual chairman, o homem que preside as reuniões do JCS, é Martin Dempsey, que combateu na primeira Guerra do Golfo, e depois comandou uma base na Alemanha.
O Pentágono, o edifício, foi construído em 1943, tendo 600.000 metros quadrados de área construída. Pra se ter uma ideia, um dos maiores projetos de construção de São Paulo, previsto para acabar em 2020, vai ter 595.000 metros quadrados, distribuídos em dez prédios. O Pentágono chegou a ser, por muito tempo, a construção com a maior área de escritórios construída do mundo. O Pentágono também provavelmente é a instituição com o maior orçamento dos últimos cem anos. No ano de 2015, o orçamento previsto é de US$637.000.000.000 (637 bilhões de dólares), e está na casa das centenas de bilhões há décadas.
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Certo. O Pentágono é gigante! Por onde começar?
Pra descrevê-lo, vou tomar como base a própria história da organização, que eu vejo como sendo a história da criação de seus Unified Combatant Commands (Comandos de Combate Unificados). Atualmente, são nove, em ordem alfabética:
- Africa Command
- Central Command
- European Command
- Northern Command
- Pacific Command
- Southern Command
- Special Operations Command
- Strategic Command
- Transportation Command
http://en.wikipedia.org/wiki/Unified_Combatant_Command#/media/File:Unified_Combatant_Commands_map.png |
Vou usar esse artigo não só pra fazer uma breve história do Pentágono, mas também pra comentar assuntos pertinentes atualmente.
Pacific Command
O primeiro comando a ser criado foi o Pacific Command, o comando do Oceano Pacífico. Foi criado em janeiro de 1947. Sua base atual é no Havaí. Esse comando, assim como o European Command, o comando da Europa, reflete a fim da Segunda Guerra Mundial. Foi o comando responsável por manter a ocupação do Japão.
A maior base é em Okinawa. Há uns tempos atrás havia uma polêmica com o novo prefeito , que era contra a presença dos militares, e uma rápida busca no Google me diz que ela não acabou. Nesse mesmo link, também é possível descobrir que "Okinawa abriga mais da metade dos 48 mil soldados que os Estados Unidos mantêm no Japão, e 20% do solo da ilha principal do arquipélago é terreno militar americano". Uma recente visita do Secretário de Defesa dos EUA, Ash Carter, reviveu a controvérsia sobre as bases no território japonês.
Uma característica dessas bases overseas, além-mar, no estrangeiro, é que elas são jurisdições peculiares, já que são terras em outro país, porém quem controla é o Pentágono. Isso dá certa segurança para que os soldados façam o que bem queiram nesses lugares. Há inúmeros casos de estupro, e segundo O Globo a primeira condenação de um militar americano em solo estrangeiro, por estupro, foi em 2002. Esses casos são um assunto espinhoso para o Pentágono, já que quando acontecem, geram repercussão contra as bases. Porém, em geral, não recebem muita publicidade. São dados como "normais", o que é de se esperar já que acontecem há várias décadas.
O USPACOM também possui bases na Coréia do Sul e em várias ilhas do Pacífico, além de outras cidades no Japão.
European Command
O European Command também foi criado em 1947. Foi responsável pelas ocupações na Alemanha, na Itália e por manter bases na França ( estas, retiradas por Charles de Gaulle em meados dos anos 60). A pergunta: até hoje? É claro. São dezenas na Alemanha e na Itália, e também há parcerias com Turquia, Noruega, Suécia, Bélgica, Espanha, Portugal, Romênia, Bulgária, Bósnia, Kosovo, Holanda, Polônia e, é claro, o Reino Unido.
As bases do USEUCOM basicamente formaram uma barreira contra a União Soviética. Só que depois do fim dela, elas foram apenas "desativadas", e não destruídas. Então, nos anos 90, foi das bases na Europa que saíram a operações da Guerra do Golfo e a Guerra do Kosovo.
Esse é outro aspecto interessante da organização do Pentágono - as "operações". A autoridade constitucional para declarar guerra é do Congresso. Porém, a última vez que tal declaração aconteceu foi durante a Segunda Guerra Mundial. Os engagements (engajamentos) militares posteriores foram um misto de "aprovações" do Congresso após a decisão de iniciar a ação militar foi tomada pelo Presidente, e decisões da ONU que autorizaram os militares americanos a agir.
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Por enquanto fico nesses dois comandos. Os outros são ainda mais interessantes, prometo :). Mas o assunto do Pentágono é realmente complexo, por isso a demora em fazer um novo texto. O próximo vai ser sobre o livro do Assange que mencionei no post anterior. Depois volto pro "monstro" do Pentágono.
Até!
P.S.: também me utilizei de fonte para este artigo o incrível site www.globalsecurity.org, que recentemente passei a assinar.