Qual é o país que está ameaçando, e qual é o país que está sendo ameaçado??? O mapa responde com clareza.— Glenn Greenwald (@ggreenwald) January 8, 2020
Imagine se o Irã tivesse tropas estacionadas no México, Candad e todos os outros países perto dos EUA. Você acha que os EUA considerariam isso ameaçador? pic.twitter.com/bvQ91yP7Pc
Mais recentemente, após uma breve trégua no final do governo Obama, com o Acordo Nuclear, os EUA voltaram a impor inúmeras sanções econômicas contra os iranianos. As sanções são uma forma de guerra que atinge muito mais a população civil que o governo ou as forças militares do país que é alvo delas. No Iraque, estima-se que as sanções impostas na década de 90 mataram 500 mil crianças de doenças preveníveis e de desnutrição, já que sob elas, o país não podia importar comida, vacinas e remédios essenciais. Na Venezuela, um estudo recente estimou que 40 mil pessoas morreram por conta das sanções, que impediram a importação de remédios e equipamentos médicos. E no Irã, as novas sanções do governo Trump fizeram o desemprego e a inflação dispararem, além de causar uma recessão. O Fundo Monetário Internacional espera que o país, que cresceu 12% em 2016, deva sofrer uma contração de 6% em 2019.
No final do ano passado, já com o país sofrendo sob os efeitos econômicos das sanções, milhares de manifestantes tomaram as ruas do Irã, atacando prédios da administração pública e até exigindo a queda do regime dos aiatolás. Os EUA, obviamente, celebraram as manifestações e demostraram todo seu apoio pela mudança de regime. Porém, o movimento foi perdendo força e não chegou a ser uma ameaça real ao governo iraniano. Alguns chegaram a dizer que o assassinato de Soleimani também enfraqueceria o governo, mas o exato oposto aconteceu. Mais de um milhão de pessoas foram ao velório do Major-General, num claríssimo apoio a linha de atuação dele - ou seja, de combate aos EUA. Como é de praxe nessas situações, muitas bandeiras estadunidenses foram queimadas e se ouviram os cantos de "morte aos EUA".
Então, ficam as perguntas: será que esse ato de "autodefesa" deixou o mundo mais seguro? Ou será que esse assassinato é mais um motivo para milhares de iranianos, iraquianos e outros cidadãos do Oriente Médio se radicalizarem contra esse agressor que vem há décadas ocupando, bombardeando e desestabilizando a região? Será que o objetivo dos EUA é a paz, ou será que é deixar a região em chamas, instável e em eterno estado de guerra, para justificar sua própria presença militar lá?
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Para saber mais:
Sobre o golpe de 1953 que instaurou a ditadura sanguinária de Moahammad Reza Shah, apoiado pelos EUA: "Golpe de Estado x Revolução Popular".
Sobre a política de mudança de regime: "Mudanças de Regime 'do Bem'".