09/09/2018

Ataque ao Bolsonaro - "Lobo Solitário" ou algo mais?

Quem me conhece, sabe que eu adoro teorias da conspiração. As teorias sobre o ataque ao candidato a presidência Jair Bolsonaro (PSL) em Juiz de Fora, Minas Gerais, na tarde de 6 de setembro, começaram a surgir minutos depois que a notícia do ataque se espalhou nas mídias sociais. Por isso, vou abordar algumas delas.

Houve uma facada ou foi tudo farsa?


Algumas pessoas apontaram a aparente falta de sangue nas imagens que mostram o ataque. As imagens em vídeo inicialmente divulgadas mostram alguém golpeando o abdômen do Bolsonaro com algum objeto. Posteriormente apareceu um vídeo que mostra claramente a faca na mão do agressor. O movimento que o agressor faz é de uma "estocada", ou seja, um golpe perfurante. A polícia posteriormente divulgou uma foto da faca utilizada e é uma daquelas comuns, serrilhadas, de cozinha, que bate com o que é visto no vídeo. A largura da lâmina, portanto, não passa de 2 centímetros.



Não achei nenhum lugar que especifique o tamanho do ferimento, mas pelo vídeo o agressor não tentou "rasgar" a barriga do presidenciável. Ele enfiou a faca e em seguida tirou. Portanto, o espaço pro sangue sair era pequeno. E como o médico entrevistado aqui explica, naquela região não há artérias superficiais que poderiam ser atingidas e fazerem "jorrar sangue". A tendência é o sangue das partes atingidas internamente se acumular dentro do abdômen, e só depois de "encher" a cavidade, começar a sair pelo ferimento de entrada. Como logo em seguida ele foi levado deitado, o sangue não espalhou pela roupa dele.

Além disso, o candidato reagiu instantaneamente, se contorcendo de dor. As pessoas mais próximas também reagem instantaneamente, algumas agredindo o homem com a faca. Depois, o candidato foi levado ao hospital e há diversas declarações sobre os detalhes do ferimento, da cirurgia, da recuperação do candidato e etc., tanto de pessoas próximas ao candidato quanto de médicos envolvidos no caso. Há também várias fotos do candidato no pós-operatório. Por isso, eu acredito estar descartada a possibilidade de uma armação no que diz respeito a agressão em si.

O próprio Bolsonaro planejou o ataque?

A teoria de que o ataque foi armado pelo próprio candidato é um pouco mais difícil de provar o contrário, pois, salvo uma declaração explícita dele, ou áudios e mensagens interceptadas, tudo fica na esfera da especulação.

A questão mais óbvia pra mim é a seguinte: pra que arriscar sua própria vida por um suposto benefício eleitoral quando se é o primeiro colocado das pesquisas? Nada garante que esse ataque aumente as chances de eleição dele. O ataque de fato deu muita publicidade para o candidato, mas também o tirou das ruas por pelo menos duas semanas num momento em que ele está sendo alvo de diversas campanhas por parte dos concorrentes. Ele vai se defender com vídeos da cama do hospital? Eu duvido que os marqueteiros vão gostar disso.

Um exemplo que me vem a cabeça é o da eleição dos EUA em 1960. O embate era entre JFK e Nixon e um debate televisionado (o primeiro entre presidenciáveis na história dos EUA) foi muito importante nessa eleição. Nele, JFK aparecia jovem, bonito, disposto, animado, enfim, 100%, enquanto Nixon estava abatido e magro, fraco até, recém-saído de um tempo no hospital por uma lesão no joelho. O caso de Bolsonaro é muito mais grave e ele terá que usar uma bolsa de colostomia até dezembro. Acamado, abatido, sob o efeito de analgésicos e com dificuldade pra se locomover, fica difícil de vender a imagem de "durão que vai resolver tudo na porrada".

O agressor é um "lobo solitário" ou o ataque envolve mais pessoas?

Essa é a parte que vai dar mais "pano pra manga". Primeiramente, não dá pra tirar conclusões a partir de apenas alguns dias de informações. Uma coisa que eu aprendi pesquisando casos polêmicos como assassinatos, atentados terroristas, golpes de estado, etc., é que tem que olhar pras evidências primeiro, e depois tirar conclusões. E no momento, não temos muitas evidências, então tem que ter paciência. Tem que construir o quebra-cabeças peça por peça, com calma. Dito isso, logo que o ataque aconteceu, eu imaginei que fosse alguém simples e com algum distúrbio psicológico, um perfil frequente nestes casos. Aparentemente não há distúrbio, apesar dos advogados terem pedido uma avaliação psicológica. O agressor, Adelio Bispo de Oliveira, não possui curso superior e trabalha como servente de pedreiro mas foi descrito como "inteligente e bem-articulado" por um dos advogados. Ele também foi filiado ao PSOL de 2007 a 2014, conforme informação do site do Tribunal Superior Eleitoral.

Além disso, tem um vídeo circulando que supostamente mostra que mais de uma pessoa estava envolvida no ato. O vídeo diz que uma mulher passa a faca pra outro homem, que passa pro Adelio. Eu particularmente não vi essa sequencia de eventos no vídeo. A faca usada pelo agressor estava envolta num pano branco (provavelmente para não chamar atenção) e eu não vi o pano branco sendo passado de mão em mão.



Dá pra ver uma faca aqui? (Foto: reprodução YouTube).
Por outro lado, tem alguns fatores a considerar. Primeiro, a data é muito significativa, na véspera da comemoração da Independência do Brasil. Esse é uma data muito importante para o candidato, que sempre reforça seu patriotismo e orgulho da nação. Por causa disso, o ataque não parece ter sido totalmente aleatório e envolveu algum planejamento. A data foi escolhida para o máximo de impacto.

Outra coisa é o fato de Adelio ter quatro advogados particulares. Por um lado, isso parece suspeito já que ele não parece ter renda suficiente pra contratar tantos advogados. O próprio advogado de Bolsonaro, o deputado federal Fernando Francischini (PSL-RS), chamou atenção pra isso. Por outro, há advogados que pegam casos como esses simplesmente pela publicidade associada. O Estado de Minas fez algumas matérias abordando esse aspecto (aqui e aqui) e de fato um dos advogados diz explicitamente que "a visibilidade, para nós, é bem-vinda. Chegamos primeiro". A remuneração é "irrisória" e custeada por uma igreja, que não teve o nome divulgado.

Por último, o Ministro da Justiça Raul Jungmann usou as palavras "lobo solitário" pra descrever o agressor. Como ele pode chegar a essa conclusão em tão pouco tempo? Ainda mais considerando que há outro suspeito preso e o próprio Ministro também dizer que estão investigando a rede de contatos do agressor. Acredito que ele tenha usado essas palavras para estancar as especulações de envolvimento dos adversários de Bolsonaro na eleição. Esse tipo de especulação partiu até do próprio vice da chapa de Bolsonaro, General Hamilton Mourão, que afirmou em nota que foi um "militante do Partido dos Trabalhadores" que atacou seu colega. Fake news, já que o agressor não foi filiado ao PT e sim ao PSOL.

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Esses são os aspectos mais importantes que eu vi sobre o caso. Faltou abordar alguma teoria? Manifeste-se nos comentários!

2 comentários:

  1. Valeu Caio! Acho que talvez seria bom analisar também o fato de que Bolsonaro alimenta a violência com com sua violência. O fato de ser um provocador estimula mentes com patologias capazes de concretar esse ato. Sempre no terreno da especulação, a verdade parece ser que o agressor não quis seriamente matar o candidato, mas sim esfaquia-lo e ser aprendido. Perversão?

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  2. Q bosta.... Fala mto e não diz nada

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